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Sunday, August 22, 2010

PROPAGANDA

O texto abaixo encaminhei para publicação no Jornal Zero Hora. Como não publicaram até o momento, acho que ficará na gaveta, mas tenho esta janela dos AMICOR disponível para compartilhar.
Um abraço
AA

Seria inconcebível viver nos tempos atuais sem propaganda. Propaganda eleitoral, política, comercial, religiosa, profissional, associativa, científica - tudo se promove e se comunica.
O inegável papel da propaganda na comunicação social reforça a responsabilidade de sua prática. A divulgação é útil, mas a maquilagem da informação deve ter limites e pode ser prejudicial, criando uma aura de descrédito e de insegurança. A repetição excessiva de uma mensagem torna-a enfadonha, leva também à desconfiança, e promove o acionamento de nossa atenção seletiva. Salientar as características positivas de um produto ou de uma ideia faz parte da técnica, mas seu exagero pode servir para ocultar aspectos negativos, aproximando-se perigosamente da propaganda enganosa.
A aplicação dos conhecimentos e técnicas científicas da psicologia para ouvintes desarmados destes recursos pode até suscitar uma comparação com a luta desigual entre um contendor treinado em artes marciais e outro despreparado. Não deixa de ser uma forma de assédio moral.
A guerra de propaganda é feia, e só pode agradar aos que dela não mais precisam. Em época de campanha eleitoral então, a contrapropaganda faz pensar em falta de argumento positivo para a campanha. Candidatos - assim como se ajeitam para aparecer na mídia - remendam seus discursos na tentativa de dizer o que seus potenciais eleitores desejam ouvir. Não dizem o que pensam se é que pensam nessas horas em algo além da conquista do poder. Deixam transparecer o casuísmo e a falta de convicção em seus depoimentos e respostas, menosprezando seus ouvintes. Parece antes o cumprimento de um ritual, onde buscam ouvir a própria voz, e contemplar a própria imagem, alimentando fantasias, e explorando anseios e criando ilusões.
Sabe-se que as escolhas se fazem mais pela marca do que pelo conteúdo. Somos mais levados por inclinações afetivas prévias do que por argumentos racionais, assim como se torce por um clube esportivo, ou se acredita numa profissão de fé.
Se formos analisar do ponto de vista econômico, provavelmente o custo-benefício de uma campanha se justifica mais pelo comprometimento real ou imaginário entre doadores e candidatos, do que pela conquista de novos eleitores.
Teoricamente, no mercado a propaganda se destinaria a aquecê-lo, incentivando o consumo que encontraria um equilíbrio na competição honesta.
Na democracia a propaganda eleitoral deveria promover o conhecimento de propostas e intenções para facilitar a escolha dos representantes do povo.
Entretanto, se formos avaliar pelos resultados, a propaganda nem sempre tem nos ajudado a escolher o melhor produto, assim como não tem funcionado na escolha dos políticos mais honestos e mais capazes.

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