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Friday, May 11, 2018

Artigo rejeitado por editores dos Arquivos Brasileiros de Cardiologia...

O artigo pode ser acessado na íntegra através do título abaixo sublinhado. Lamentamos que tenha sido rejeitado por editores dos Arquivos Brasileiros de Cardiologia, quem sabe baseando-se somente no título, sem o terem lido. É bem provável a inexistência de conhecimento ou memória da evolução da cardiologia nacional e mundial neste último meio século. Na época fizemos parte de movimento de descobrimento, conscientização e assessibilidade  preventiva de doenças cardiovasculares e outras doenças crônicas na comunidade, motivo pelo qual nossa colaboração foi solicitada para estender essa abordagem em nosso país, nosso continente e pelo mundo afora.
Não é de surpreender que haja especialistas ainda ignorantes dessas questões, pois até há bem pouco, há menos de dez anos, os Objetivos do Milênio não contemplavam doenças cardiovasculares e doenças crônicas, e por isso tiveram que ser reformulados.
A percepçao das causas das causas das doenças e sua determinação social, são também desenvolvimentos culturais que se realizam muito lentamente, pela curta visão de quem não consegue ver além de interesses imediatistas, dos fenômenos químico-farmacológicos e da dimensão biológica, como se a vida se limitasse aos tubos de ensaio, às cobaias em laboratório, a pacientes internados, retirados de seu ambiente de trabalho, submetidos a exames tomográficos, ou deitados em mesas cirúrgicas...
Foi também em 1978 que aconteceu o encontro do qual resultou a Declaração de Alma-Ata, cuja mensagem básica promovida pelo Diretor da OMS na ocasião  - Halfdam Mahler - era: "se a ciência não descobrir mais nada de novo, mas o acesso aos recursos básicos fore estendido a toda a população, haverá muito mais saúde no mundo".
Acompanhamos o desenvolvimento da cardiologia nacional, a criação do setor de epidemiologia no Funcor e depois do respectivo departamento, a aproximação dos especialista ao Ministério da Saúde e participação ativa nas definições de políticas de saúde nos diversos níveis de organização nacional.
Eu dizia que o sucesso de um emprendimento já encerra o germe do esquecimento, na medida em que se perde o interesse pela grande novidade.
Nossa intenção ao apresentar o artigo não tinha unicamente a finalidade de comemorar uma façanha, mas principalmente de não deixar esmorecer uma linha de desenvolvimento cuja necessidade fica evidente já pelo fato de ter sido preterida pelos guardiões do principal instrumento de difusão cultural da cardiologia nacional.



Autores: Aloyzio C. Achutti e Eduardo de Azeredo Costa

Em 1978, a Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), com recursos do Programa PEPPE/PESES, oriundos da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), com o apoio da Secretaria da Saúde e do Meio Ambiente (SSMA) do Estado do RS, conveniaram desenvolver um estudo epidemiológico pioneiro no hemisfério sul, focado na medida da Pressão Arterial e outros fatores de risco para doenças crônicas, em amostra estratificada e representativa da população adulta (de 20 a 74 anos) do Estado.
A equipe central da pesquisa estava formada pelos autores dessa memória: coordenador Eduardo de Azeredo Costa (professor titular de epidemiologia da Escola Nacional de Saúde Pública – ENSP/Fiocruz)[1], co-coordenador Aloyzio Achutti (chefe do Serviço de Prevenção de Doenças Crônico-Degenerativas da SSMARS)[2], sendo coordenadores das equipes de campo Carlos Henrique Klein, Maria do Carmo Leal (ambos professores da ENSP) e Sérgio Bassanesi (médico da SSMARS). O suporte administrativo no ERS foi providenciado pela Escola de Saúde Pública (ESP) e de laboratório pelo Instituto de Pesquisas Biológicas (IPB), ambos da SSMARS.
O delineamento do estudo utilizou uma amostra probabilística estratificada baseada no cadastro do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) da qual constavam 2.056 domicílios, nos quais foram examinados 4.565 indivíduos (94,4% do planejado), distribuídos por quatro estratos: Porto Alegre, Cinturão Metropolitano, Interior Urbano e Interior Rural, com a assessoria estatística da prof. Célia Landmann da ENSP/Fiocruz.
Foi feita uma adaptação do esfigmomanômetro de coluna de mercúrio para diminuir a tendenciosidade do observador e testado o mesmo./.../



[1] O dr. Eduardo Costa discutira no ano anterior seu projeto epidemiológico com o Prof. Geoffrey Rose (cardiologista com inestimáveis contribuições para a epidemiologia cardiovascular e autor de normas para tais estudos da OMS) da “London School of Hygiene and Tropical Medicine (LSHTM)” recebendo referências técnicas importantes para o mesmo.
[2] O dr. Aloyzio Achutti, cardiologista e professor da Faculdade de Medicina da UFRGS, tinha ganho elevado prestígio na área da Saúde Pública nacional, o que acabaria por o aproximar de Eduardo Costa, criando as condições para a realização do acordo e estudo, que teve amplo apoio de todas as áreas relevantes da SSMARS.


2 comments:

Aristóteles Alencar said...

Lamentável. Sem saber como chegamos até aqui não poderemos avançar. A limitação da capacidade de avaliar um conteúdo desse valor compromete qualquer periódico. Lamentável.

Maria Ines Azambuja said...

Lamentável a decisão editorial dos ABC... certamente gente jovem que não sabe que o Prof. Achutti antecipou em pelo menos 30 anos aqui no Rio Grande do Sul e depois no Brasil, a incorporação da Prevenção das Doenças Cardiovasculares na agenda da Saúde Pública...